Créditos da imagem: Khalid Tanveer / AP, 9 Agosto 2010
Arif Ali / AFP - Getty Images, 7 Agosto 2010
Majid Saeedi / Getty Images, 7 Agosto 2010
Adrees Latif / Reuters, 1 de Agosto 2010
Fonte das imagens: msnbc.com news services
É impossível ficar indiferente ao mais recente desastre ecológico que se abateu sobre o Paquistão. Se bem que é verdade que a estação das chuvas ocorre todos os anos, neste tem sido particularmente difícil fazer frente às forças arrasadoras da natureza. As chuvas intensas da monção provocaram cheias que se iniciaram nas montanhas a noroeste do Paquistão e se estenderam já a um quarto da área do país. Estima-se que 20 milhões de pessoas tenham já sido afectadas pelas cheias, sendo que centenas de milhares destas ficaram desalojadas e perderam a fonte da sua subsistência - gado e colheitas.
Os serviços noticiosos exibem vezes sem conta imagens aéreas onde se avistam casas submersas e importantes culturas agrícolas perdidas para a água. Uma tragédia de escala incomensurável…
Como quase sempre acontece nestas situações, há uma série de assuntos que são abordados, entre os quais se encontra necessariamente a questão da habitação – a sua qualidade, durabilidade, resistência a desastres naturais, etc.
Ora, a utilização do material terra é bastante comum para erguer habitações no Paquistão e tem sido até francamente apoiada por alguns como uma solução viável para o futuro do ambiente edificado do país. No entanto, agora que a água revelou um dos pontos fracos deste material, basta passar os olhos por alguns websites de serviços noticiosos para se lerem frases como as que se seguem: “as casas de terra são obviamente mais vulneráveis (…) foram destruídas principalmente as casas de terra” (radioaustralia.net), “A minha casa (de terra) já não existe. Nada resta dela” (UNICEF), “muitas das vítimas morreram quando as águas das cheias varreram centenas de casas de terra…” (CNN), “as casas de terra estão submersas…” (BBC)…
Ora, a utilização do material terra é bastante comum para erguer habitações no Paquistão e tem sido até francamente apoiada por alguns como uma solução viável para o futuro do ambiente edificado do país. No entanto, agora que a água revelou um dos pontos fracos deste material, basta passar os olhos por alguns websites de serviços noticiosos para se lerem frases como as que se seguem: “as casas de terra são obviamente mais vulneráveis (…) foram destruídas principalmente as casas de terra” (radioaustralia.net), “A minha casa (de terra) já não existe. Nada resta dela” (UNICEF), “muitas das vítimas morreram quando as águas das cheias varreram centenas de casas de terra…” (CNN), “as casas de terra estão submersas…” (BBC)…
Estas palavras trazem-me à memória as semanas após o terramoto que teve lugar no Chile, altura em que as casas de adobe foram alvo de duras críticas. Enquanto isso víamos imagens de edifícios de betão, supostamente bem mais fortes, partidos ao meio com lajes, vigas e pilares despedaçados.
Segundo li numa entrevista, questiona-se agora a qualidade das habitações no Paquistão e a necessidade da sua melhoria, visto que, aparentemente muitas das casas que foram destruídas são basicamente construídas em terra. Recordo-me de ler num relatório do World Bank uma referência às casas de betão no Gana e a sua preparação mais eficaz contra desastres naturais, como sendo cheias. Retornando ao contexto do Paquistão, não posso deixar de pensar que provavelmente estará já na ideia de muitos a intenção de fazer a transição da terra para materiais que não se encontram disponíveis localmente e que podem eventualmente ter um impacto negativo na economia da região.
Segundo li numa entrevista, questiona-se agora a qualidade das habitações no Paquistão e a necessidade da sua melhoria, visto que, aparentemente muitas das casas que foram destruídas são basicamente construídas em terra. Recordo-me de ler num relatório do World Bank uma referência às casas de betão no Gana e a sua preparação mais eficaz contra desastres naturais, como sendo cheias. Retornando ao contexto do Paquistão, não posso deixar de pensar que provavelmente estará já na ideia de muitos a intenção de fazer a transição da terra para materiais que não se encontram disponíveis localmente e que podem eventualmente ter um impacto negativo na economia da região.
Idealmente, a reconstrução de todo o tecido urbano e rural após as cheias seria feito de forma responsável de forma a garantir um futuro sustentável para as populações. A verdade, no entanto, é que esta questão tende a ser complicada e não existe, quanto a mim, UMA resposta correcta, mas sim várias. O erro será assumir uma receita de reconstrução sustentável pré-estabelecida e estandardizada como a melhor solução para reerguer o abrigo para as centenas de milhares de pessoas que se encontram agora sem tecto.
É interessante perceber como o conceito da "sustentabilidade" pode adquirir formas e significados tão distintos dependendo do contexto onde se aplica...
Mesmo assim, a importância da utilização da terra enquanto material viável para combater a falta de abrigo continua a ser incentivada. Segundo um artigo escrito por Rizwan Ghani para o Pakistan Observer, "O Pakistan Engineering Council (PEC) e o Council of Architects (CoA) podem desempenhar um papel importante no fornecimento de apoio económico para as vítimas das cheias a curto e longo prazo. É necessário criar uma casa de adobe (estrutura feita de tijolos feitos de terra e palha e secos ao sol). Essas casas custam menos 90% do que as casas de cimento/betão, são eficientes em termos energéticos e duradouras. São ainda recicláveis, pois são feitas de material local. Em áreas do norte e do Baluchistão, pedra, bambu e barro têm sido usados para construir casas duráveis. O CE e CoA podem ajudar a reduzir o custo público da construção das habitações e isso permitirá que o repovoamento se faça num curto espaço de tempo."
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