27/09/2011

Why is Luanda the most expensive city in the world?





This label has been used as an excuse to raise prices of everything from a can of beans in the corner shop of Chicala to a night in a luxury hotel in the city centre.
Other cities in this list of 10 include Tokyo, Osaka and Hong Kong. Cities well known for their organisation and efficient provision of infrastructure. Luanda, although heading the list, reveals various needs at different levels. One could of course argue that the construction of infrastructure is still in its infancy but progressing well, and that the asymmetries felt in Angola's society will eventually disappear in the coming years, which would result in decent living conditions for those who want to live and /or work in Luanda. For now, however, the daily struggles just to get by in this African capital is a reality hard to ignore.

Yesterday I spoke with Director General of Development Workshop, an NGO that has been working in Angola, particularly amongst the poorest population, for many years. As a result of their work over here, they have developed a very comprehensive view of the problems experienced in the country. Allan Cain drew my attention to recent studies which indicate that a huge percentage of the built environment in Luanda (particularly in peri-urban areas) lacks the minimum conditions of habitability. Considering that about 2 / 3 of Luanda's population lives in the suburban neighbourhoods, I wonder what the future has reserved for Luanda's urban informal areas? The total area occupied by informal settlements is much more extensive than the formal city and the same happens with the number of people inhabiting there. Current proposals for urban requalification appear to orient themselves towards partial or total removal (demolition) of existing buildings, rather than improving current conditions. The former usually has a greater focus on the space itself - the urban fabric is completely renovated, and people are relocated elsewhere (with all the associated social consequences), while the latter typically tends to also incorporate the human variable in the equation - the space is improved / upgraded, without recourse to mass demolitions, avoiding the usual stress associated with displacing people.

It is obviously very difficult to indicate which is the best or worst solution for Angola generally and Luanda in particular. The specific case of Angola, which has only recently found peace after a war of more than 30 years – still very much present in everyone's mind -, makes prescribing solutions for urban requalification even more complex. The risk of failure in the face of overwhelming problems is definitely an issue.
Experience tells us that each case is unique and different contexts will always require different and very context-specific solutions. However, one can always observe what has been done worldwide to overcome similar problems and learn from either previous success of failure... Following this, it is also vital to learn from strategies implemented within the country and learn with every step, so that mistakes are not repeated.

Despite all of this, and possibly because of very rapid economic growth in Angola, when travelling to Luanda one will find a city where buying or renting a house necessarily involves spending a small fortune. Where essential products are much more expensive than in other countries. Where one will pay more to buy 1lt of mineral water than to buy the same amount of gasoline and where everything is accounted in dollars. Luanda is becoming a modern city. Hundreds of cranes are now part of the city's silhouette, announcing the birth of the same number of skyscrapers. At the same time, garbage piles up on the streets of the musseques, water does not reach people's houses and at times the roads are almost impassible.
This is Luanda. Luanda is beautiful. Luanda is very rich, so rich that everyone wants to stay here. Luanda is poor, so poor that everyone wants to leave.

Luanda tem disto. Um rótulo que tem servido com pretexto para elevar preços de tudo, desde uma lata de feijão numa cantina da Chicala a uma noite no hotel de luxo no centro da cidade.
Outras cidades nesta lista das 10 magníficas incluem Tóquio, Osaka ou Hong Kong, cidades sobejamente conhecidas pela sua organização e eficiente funcionamento das suas infraestruturas. Luanda, embora encabece a lista, transpira carências aos mais diversos níveis. Pode obviamente argumentar-se que a construção de infraestruturas se encontra numa fase embrionária mas a avançar a bom ritmo e que nos próximos anos as assimetrias da sociedade acabarão por se esfumar, oferecendo assim condições de vida condignas para quem deseja habitar e/ou trabalhar em Luanda.
Por enquanto, todavia, a necessidade de travar lutas diárias para viver o dia-a-dia nesta capital africana é uma realidade difícil de ignorar.

Ontem falava com o Diretor Geral da Development Workshop, uma ONG que há já largos anos se tem dedicado a desenvolver trabalho em Angola junto de populações mais carenciadas. Como resultado do seu trabalho por cá, desenvolveram uma visão bastante abrangente das problemáticas vividas em Angola. Allan Cain chamou-me a atenção para estudos recentemente realizados que indicam que uma percentagem enorme do parque edificado em Luanda, sobretudo nas zonas peri-urbanas, não apresenta as condições mínimas de habitabilidade. Ora, considerando que cerca de 2/3 da população de Luanda reside nestes bairros suburbanos, pergunto qual será o futuro deste tecido urbano informal, que em área é muito mais extenso que a cidade formal, assim como das populações que aqui residem. Propostas atuais de requalificação urbana parecem orientar-se no sentido de eliminação parcial ou total (demolição) do edificado existente, ao invés de melhoramento das condições atuais. Sendo que o o primeiro normalmente tem um maior enfoque no espaço em si – o tecido urbano é completamente renovado, e as populações são realojadas noutro local (com todas as consequências sociais associadas), enquanto que o segundo por norma tende a incorporar também a variável humana na equação – o espaço é melhorado/requalificado, sem recurso a demolições em massa, e o stress da deslocação da população é evitado.
É obviamente muito difícil afirmar com certeza qual é a melhor ou pior solução. O caso particular de Angola, que só recentemente encontrou paz após uma guerra de mais de 30 anos, torna a prescrição de soluções de requalificação urbana ainda mais complexa. Certo que cada caso é um caso e diferentes contextos obrigam a que se adotem diferentes soluções, no entanto, talvez seja acertado observar o que se tem feito mundo fora, perceber porque alguns casos tiveram franco sucesso e porque outros falharam redondamente... Portanto, antes de mais aprender com os outros, e depois, à medida que se implementam estratégias já no país, aprender a cada passo dado, para que não se repitam erros cometidos.

Independentemente de tudo isto, possivelmente porque o rápido crescimento económico em Angola assim o permite, quando se viaja para Luanda encontra-se uma cidade onde comprar ou alugar uma casa obriga a que se possua uma pequena fortuna. Onde os produtos essenciais, e não só, são bem mais caros que noutros países. Onde ao comprar 1lt de água mineral se gasta mais que a comprar a mesma quantidade de gasolina e onde tudo se conta em dólares. Luanda é uma cidade a modernizar-se. Centenas de gruas desenham hoje a silhueta da cidade, anunciando o nascimento do mesmo número de arranha-céus. Ao mesmo tempo, acumulam-se pilhas de lixo pelos bairros, onde se vive um dia-a-dia sem água canalizada e onde se chega a casa por estradas quase intransitáveis. Luanda tem disto. Luanda é muito rica, tão rica que todos cá querem ficar. Luanda é pobre, tão pobre que todos querem sair.
Luanda tem disto. Um rótulo que tem servido com pretexto para elevar preços de tudo, desde uma lata de feijão numa cantina da Chicala a uma noite no hotel de luxo no centro da cidade.
Outras cidades nesta lista das 10 magníficas incluem Tóquio, Osaka ou Hong Kong, cidades sobejamente conhecidas pela sua organização e eficiente funcionamento das suas infraestruturas. Luanda, embora encabece a lista, transpira carências aos mais diversos níveis. Pode obviamente argumentar-se que a construção de infraestruturas se encontra numa fase embrionária mas a avançar a bom ritmo e que nos próximos anos as assimetrias da sociedade acabarão por se esfumar, oferecendo assim condições de vida condignas para quem deseja habitar e/ou trabalhar em Luanda.
Por enquanto, todavia, a necessidade de travar lutas diárias para viver o dia-a-dia nesta capital africana é uma realidade difícil de ignorar.

Ontem falava com o Diretor Geral da Development Workshop, uma ONG que há já largos anos se tem dedicado a desenvolver trabalho em Angola junto de populações mais carenciadas. Como resultado do seu trabalho por cá, desenvolveram uma visão bastante abrangente das problemáticas vividas em Angola. Allan Cain chamou-me a atenção para estudos recentemente realizados que indicam que uma percentagem enorme do parque edificado em Luanda, sobretudo nas zonas peri-urbanas, não apresenta as condições mínimas de habitabilidade. Ora, considerando que cerca de 2/3 da população de Luanda reside nestes bairros suburbanos, pergunto qual será o futuro deste tecido urbano informal, que em área é muito mais extenso que a cidade formal, assim como das populações que aqui residem. Propostas atuais de requalificação urbana parecem orientar-se no sentido de eliminação parcial ou total (demolição) do edificado existente, ao invés de melhoramento das condições atuais. Sendo que o o primeiro normalmente tem um maior enfoque no espaço em si – o tecido urbano é completamente renovado, e as populações são realojadas noutro local (com todas as consequências sociais associadas), enquanto que o segundo por norma tende a incorporar também a variável humana na equação – o espaço é melhorado/requalificado, sem recurso a demolições em massa, e o stress da deslocação da população é evitado.
É obviamente muito difícil afirmar com certeza qual é a melhor ou pior solução. O caso particular de Angola, que só recentemente encontrou paz após uma guerra de mais de 30 anos, torna a prescrição de soluções de requalificação urbana ainda mais complexa. Certo que cada caso é um caso e diferentes contextos obrigam a que se adotem diferentes soluções, no entanto, talvez seja acertado observar o que se tem feito mundo fora, perceber porque alguns casos tiveram franco sucesso e porque outros falharam redondamente... Portanto, antes de mais aprender com os outros, e depois, à medida que se implementam estratégias já no país, aprender a cada passo dado, para que não se repitam erros cometidos.

Independentemente de tudo isto, possivelmente porque o rápido crescimento económico em Angola assim o permite, quando se viaja para Luanda encontra-se uma cidade onde comprar ou alugar uma casa obriga a que se possua uma pequena fortuna. Onde os produtos essenciais, e não só, são bem mais caros que noutros países. Onde ao comprar 1lt de água mineral se gasta mais que a comprar a mesma quantidade de gasolina e onde tudo se conta em dólares. Luanda é uma cidade a modernizar-se. Centenas de gruas desenham hoje a silhueta da cidade, anunciando o nascimento do mesmo número de arranha-céus. Ao mesmo tempo, acumulam-se pilhas de lixo pelos bairros, onde se vive um dia-a-dia sem água canalizada e onde se chega a casa por estradas quase intransitáveis. 


Luanda tem disto. Luanda é linda. Luanda é muito rica, tão rica que todos cá querem ficar. Luanda é pobre, tão pobre que todos querem sair.

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