Acabamentos de textura ortogonal, rectilínea, regular e previsível. Esta é, na maior parte dos casos, a oferta disponível nas casas que adquirimos para habitar. Não que seja a nossa escolha, mas sim porque é o que a indústria está "formatada" para conceber.
O artigo publicado na Mother Earth News em Outubro/Novembro de 2007 lembra-nos a razão pela qual um acabamento chamado perfeito é por vezes apelidado de "dead" straight ou "dead" flat. Superfícies mortas (dead) não se movem! Falta-lhes dinâmica, variedade, variações de luz, sombra, cor, etc.
Poderia ainda juntar a esta lista a toxicidade existente em muitos dos materiais que nos rodeiam e que têm como consequência a absorção por parte do nosso organismo dos mesmos, mas essa seria matéria para um outro post.
É bom que se saiba que as alternativas existem e que não precisamos de viver segundo um conceito pré-estabelecido por uma indústria de construção que carece de vontade de mudar (ou será evoluir?).
O reboco de terra constitui uma boa forma de trazer um pouco de variedade e criatividade ao nosso quotidiano. Mais do que conectar cantos, a aplicação deste reboco oferece vida às paredes, conferindo-lhes assim um carácter escultórico e uma diversidade imensa de subtis cheios e vazios que se transformam em jogos de luz e sombra, elementos ausentes das superfícies lisas e aborrecidas que geralmente nos rodeiam.
A forma como apreendemos as três dimensões do nosso ambiente habitacional altera-se por completo quando contemplamos as arestas dos vãos de portas e janelas ligeiramente arredondadas ou, até indo mais longe, quando o acabamento da parede se torna numa pele única, formando um movimento fluído e suave que nos dá conta do limite que nos separa do exterior, enquanto se transforma também em mobiliário ou ornamentação. Tudo isto num só gesto.
Junta-se a estas vantagens a facilidade de todo o processo que começa na produção do reboco até à respectiva aplicação. Fácil de fazer e de fácil (e divertida) aplicação, sendo que muitas vezes a fronteira entre arquitectura e escultura se esbate enquanto “moldamos” o interior das nossas paredes.
Tenho visto muitos exemplos do que vos falo. Entre imagens e recordações do reboco de terra que apliquei em tempos, posso dizer que, embora tudo isto seja altamente subjectivo, o resultado é verdadeiramente fantástico.
Como podemos fazer então um reboco de terra?
As variações da “receita” são algumas, já que diferentes situações exigem diferentes soluções e a que reproduzo aqui é a seguida por Kiko Denzer, tal como revela no artigo Get Muddy! Make Earth Art no website Mother Earth News.
“1 parte de subsolo argiloso
3 a 4 partes de areia
Água q.b. (a mais pode causar fissuras)
1,5 parte de fibras finas (palha cortada, cabelo humano ou estrume seco de vaca ou cavalo)
Misturar todos os ingredientes numa máquina tipo betoneira ou mesmo de forma manual, usando uma pá ou outras ferramentas.
Lembrem-se que é mais fácil acrescentar do que retirar água!”
O autor diz-nos que a consistência do reboco que faz assemelha-se a manteiga de amendoim e que vai ajustando enquanto mistura os vários componentes.
Continuando, “quanto mais fino os materiais, mais fino vai ser o reboco. Os elementos de maior dimensão podem ser retirados com auxílio de uma rede (tipo mosquiteira)”
Depois é só aplicar nas paredes. Com a mão ou com qualquer outra ferramenta que sirva a função de espalhar o material!
Para alguma espessura e evitar fissuras é preferível aplicar em várias camadas, deixando que a anterior seque. Lembre-se de molhar ligeiramente e texturizar a superfície antes de aplicar outra camada.
Só para terminar, caso procure uma alternativa a uma superfície lisa (também possível de criar com rebocos de terra) aproveite a liberdade que este material oferece e crie diferentes formas texturas pela casa. Experimente usar diferentes meios para isso: garfos, colheres, pedaços de madeira, etc.
Divirta-se!
O artigo publicado na Mother Earth News em Outubro/Novembro de 2007 lembra-nos a razão pela qual um acabamento chamado perfeito é por vezes apelidado de "dead" straight ou "dead" flat. Superfícies mortas (dead) não se movem! Falta-lhes dinâmica, variedade, variações de luz, sombra, cor, etc.
Poderia ainda juntar a esta lista a toxicidade existente em muitos dos materiais que nos rodeiam e que têm como consequência a absorção por parte do nosso organismo dos mesmos, mas essa seria matéria para um outro post.
É bom que se saiba que as alternativas existem e que não precisamos de viver segundo um conceito pré-estabelecido por uma indústria de construção que carece de vontade de mudar (ou será evoluir?).
O reboco de terra constitui uma boa forma de trazer um pouco de variedade e criatividade ao nosso quotidiano. Mais do que conectar cantos, a aplicação deste reboco oferece vida às paredes, conferindo-lhes assim um carácter escultórico e uma diversidade imensa de subtis cheios e vazios que se transformam em jogos de luz e sombra, elementos ausentes das superfícies lisas e aborrecidas que geralmente nos rodeiam.
A forma como apreendemos as três dimensões do nosso ambiente habitacional altera-se por completo quando contemplamos as arestas dos vãos de portas e janelas ligeiramente arredondadas ou, até indo mais longe, quando o acabamento da parede se torna numa pele única, formando um movimento fluído e suave que nos dá conta do limite que nos separa do exterior, enquanto se transforma também em mobiliário ou ornamentação. Tudo isto num só gesto.
Junta-se a estas vantagens a facilidade de todo o processo que começa na produção do reboco até à respectiva aplicação. Fácil de fazer e de fácil (e divertida) aplicação, sendo que muitas vezes a fronteira entre arquitectura e escultura se esbate enquanto “moldamos” o interior das nossas paredes.
Tenho visto muitos exemplos do que vos falo. Entre imagens e recordações do reboco de terra que apliquei em tempos, posso dizer que, embora tudo isto seja altamente subjectivo, o resultado é verdadeiramente fantástico.
Como podemos fazer então um reboco de terra?
As variações da “receita” são algumas, já que diferentes situações exigem diferentes soluções e a que reproduzo aqui é a seguida por Kiko Denzer, tal como revela no artigo Get Muddy! Make Earth Art no website Mother Earth News.
“1 parte de subsolo argiloso
3 a 4 partes de areia
Água q.b. (a mais pode causar fissuras)
1,5 parte de fibras finas (palha cortada, cabelo humano ou estrume seco de vaca ou cavalo)
Misturar todos os ingredientes numa máquina tipo betoneira ou mesmo de forma manual, usando uma pá ou outras ferramentas.
Lembrem-se que é mais fácil acrescentar do que retirar água!”
O autor diz-nos que a consistência do reboco que faz assemelha-se a manteiga de amendoim e que vai ajustando enquanto mistura os vários componentes.
Continuando, “quanto mais fino os materiais, mais fino vai ser o reboco. Os elementos de maior dimensão podem ser retirados com auxílio de uma rede (tipo mosquiteira)”
Depois é só aplicar nas paredes. Com a mão ou com qualquer outra ferramenta que sirva a função de espalhar o material!
Para alguma espessura e evitar fissuras é preferível aplicar em várias camadas, deixando que a anterior seque. Lembre-se de molhar ligeiramente e texturizar a superfície antes de aplicar outra camada.
Só para terminar, caso procure uma alternativa a uma superfície lisa (também possível de criar com rebocos de terra) aproveite a liberdade que este material oferece e crie diferentes formas texturas pela casa. Experimente usar diferentes meios para isso: garfos, colheres, pedaços de madeira, etc.
Divirta-se!
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