Enquanto arquitecta, e sobretudo enquanto ser consciente do impacto da mão humana no planeta, não posso deixar de acentuar a importância do conceito de energia incorporada aplicado por exemplo aos materiais de construção. A título de exemplo, saiba-se que no Reino Unido, 5% do total da energia consumida anualmente destina-se à produção de materiais de construção. A realidade portuguesa não deve andar muito longe.
A determinação da energia incorporada torna-se mais uma variável usada com o fim de definir a quantidade de emissões de CO2 decorrentes do processo de fabrico do material e, consequentemente, do edifício a construir. Embora existam várias teorias que eliminam diversas fases do processo, como por exemplo o transporte que quando contemplado nos cálculos é responsável por uma grande percentagem do total de energia incorporada, o princípio mantém-se e leva-nos a questionar o verdadeiro custo dos materiais de construção que especificamos para os nossos projectos.
Poderá argumentar-se que porque passámos a dominar a ciência da produção de energia, passámos também a possuir a escolha da criação de materiais que só existem graças a esta ciência. Produzimos energia, logo podemos usá-la a nosso bem entender! Acredito que esta frase tenha servido (e ainda no presente) como justificação para muitos dos erros cometidos que lançaram a indústria da construção para o topo da lista das mais energívoras do planeta.
Não posso deixar de imaginar esta atitude perante o uso da energia como uma espécie de ostentação de riqueza. "O tecto da minha sala veio da Escandinávia, a minha mesa é de madeira tropical oriunda do Brasil, as janelas viajaram desde a Alemanha..." e por aí adiante, são frases nada estranhas para quem lida com estas coisas da arquitectura (e não só). Quantas vezes paramos para pensar no que está verdadeiramente por trás disso? Qual é o verdadeiro custo desses belos tectos, mesas ou janelas? Extrapolando até para além dos custos a nível de consumo energético, parece-me também legítimo questionar o verdadeiro custo social destes "caprichos"?
Esta complexa rede de perguntas, com respostas pouco desejáveis, fragmenta-se quando trazemos à discussão a utilização de materiais naturais (sem no entanto esquecer o factor da localidade da sua extracção), entre os quais se encontra a terra.
A terra enquanto material de construção encerra em si uma história de uso que remonta a tempos em que não se sonhava sequer com a futura existência de qualquer coisa que se assemelhasse a energia eléctrica. Arrisco afirmar que os maiores gastos energéticos eram consumados graças à pura força de músculo humano.
Podemos (e devemos) com certeza adaptar-nos ao presente. É também aqui que este material tem imenso potencial para oferecer enquanto alternativa a materiais com elevada energia incorporada.
A utilização de matéria-prima extraída do próprio local de construção aliada ao uso escasso de maquinaria (julgo que este factor dependerá sobretudo da escala do projecto) e a busca da harmonia entre o edificado e a natureza, constituem uma boa receita para atingir o equilíbrio perfeito entre a sustentabilidade económica, social e ambiental.
A determinação da energia incorporada torna-se mais uma variável usada com o fim de definir a quantidade de emissões de CO2 decorrentes do processo de fabrico do material e, consequentemente, do edifício a construir. Embora existam várias teorias que eliminam diversas fases do processo, como por exemplo o transporte que quando contemplado nos cálculos é responsável por uma grande percentagem do total de energia incorporada, o princípio mantém-se e leva-nos a questionar o verdadeiro custo dos materiais de construção que especificamos para os nossos projectos.
Poderá argumentar-se que porque passámos a dominar a ciência da produção de energia, passámos também a possuir a escolha da criação de materiais que só existem graças a esta ciência. Produzimos energia, logo podemos usá-la a nosso bem entender! Acredito que esta frase tenha servido (e ainda no presente) como justificação para muitos dos erros cometidos que lançaram a indústria da construção para o topo da lista das mais energívoras do planeta.
Não posso deixar de imaginar esta atitude perante o uso da energia como uma espécie de ostentação de riqueza. "O tecto da minha sala veio da Escandinávia, a minha mesa é de madeira tropical oriunda do Brasil, as janelas viajaram desde a Alemanha..." e por aí adiante, são frases nada estranhas para quem lida com estas coisas da arquitectura (e não só). Quantas vezes paramos para pensar no que está verdadeiramente por trás disso? Qual é o verdadeiro custo desses belos tectos, mesas ou janelas? Extrapolando até para além dos custos a nível de consumo energético, parece-me também legítimo questionar o verdadeiro custo social destes "caprichos"?
Esta complexa rede de perguntas, com respostas pouco desejáveis, fragmenta-se quando trazemos à discussão a utilização de materiais naturais (sem no entanto esquecer o factor da localidade da sua extracção), entre os quais se encontra a terra.
A terra enquanto material de construção encerra em si uma história de uso que remonta a tempos em que não se sonhava sequer com a futura existência de qualquer coisa que se assemelhasse a energia eléctrica. Arrisco afirmar que os maiores gastos energéticos eram consumados graças à pura força de músculo humano.
Podemos (e devemos) com certeza adaptar-nos ao presente. É também aqui que este material tem imenso potencial para oferecer enquanto alternativa a materiais com elevada energia incorporada.
A utilização de matéria-prima extraída do próprio local de construção aliada ao uso escasso de maquinaria (julgo que este factor dependerá sobretudo da escala do projecto) e a busca da harmonia entre o edificado e a natureza, constituem uma boa receita para atingir o equilíbrio perfeito entre a sustentabilidade económica, social e ambiental.
Voltarei a este assunto em breve.
2 comments:
Há dias visionei um documentário que me deixou estupefacta... Sobre a pegada ecológica do vestuário, incluindo calçado...
Sabias que uns simples ténis de qualquer marca conhecida mundialmente... antes de chegarem às lojas já viajaram cerca de 24mil Kms (confesso que já n estou bem segura do número) no entanto era um número disparatado... muito mais do que alguma vez cada um de nós percorreria com eles calçados, durante a sua vida útil... Palavras para quê...
Olá!
Belo Blogue! :)
Vou passando para acompanhar as novidades. Até breve!
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